“A IA generativa é mais disruptiva que a internet”: uma conversa com Edison Kalaf sobre o futuro das organizações

Professor do Insper e executivo da Opus, Edison Kalaf fala sobre a revolução silenciosa da IA generativa no mundo corporativo, a importância da cultura sobre a tecnologia e por que acredita que, em poucos anos, a inteligência artificial será mais transformadora que a internet.

"A inteligência artificial generativa não é apenas mais uma onda tecnológica. É uma mudança cultural profunda, que desafia empresas e governos a repensarem processos, valores e até a forma de aprender.

Não é possível prever o futuro. Mas é possível ajudar a criá-lo".

Edison Kalaf

 

 

 

E por que tantas organizações ainda não conseguem capturar valor com IA?

Porque é, essencialmente, uma mudança cultural, não apenas tecnológica. Não adianta “jogar” a ferramenta nas mãos dos funcionários. Sem treinamento, governança e clareza de uso, o ganho é marginal. Vi uma empresa gastando milhões em licenças de Copilot e ganhando apenas 7% de produtividade. Só quando investiram em capacitação e criaram uma cultura que trazia embaixadores para o tema é que algumas áreas chegaram a alcançar até 70% de ganho de produtividade. O segredo não é a ferramenta em si, mas sim a cultura organizacional.

 

Como você imagina o dia a dia de um brasileiro comum daqui a cinco anos, em 2030, com a IA generativa já disseminada?

As tarefas sem valor agregado vão desaparecer. Marcar médico, barbeiro, viagem, compras: tudo será automatizado por agentes. Veículos autônomos vão se tornar mais comuns, mudando a lógica do transporte urbano. E no trabalho, a pesquisa bruta será substituída por análise crítica. O diferencial será como você usa a informação, não o acesso em si. Sou um eterno otimista: mais eficiência no setor público, maior capacidade de gestão, menos acidentes, mais segurança. Para mim, a IA será ainda mais transformadora para as próximas gerações do que a internet foi dos anos 2000.

 

Saindo um pouco do trabalho: como foi sua trajetória pessoal até aqui?

Cresci em Santos, estudei em escola pública e entrei em Ciência da Computação por sugestão de um professor. Estou na Opus há 36 anos e sigo também como professor, hoje praticamente apenas no Insper. Fora do trabalho, gosto muito de filosofia, de caminhar, de xadrez. Vejo a vida como um pacote único — não separo o pessoal do profissional. E acredito que, por onde passarmos, temos a missão de deixar o ambiente melhor do que encontramos.

 

Você mencionou filosofia. Qual o papel dela na sua vida como alguém que trabalha com tecnologia?

Para mim, a Filosofia abrange todas as outras ciências e me ajuda a colocar a tecnologia em perspectiva. Ler, pensar, refletir: tudo isso dá contexto ao que fazemos no dia a dia. A IA é fascinante, mas é só uma ferramenta. O que pode mesmo melhorar as coisas é a forma como nós, humanos, a utilizaremos. E para mim, isso é filosofia aplicada: pensar em como melhorar o meio em que vivemos, usando o que temos de mais avançado.

 

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