À medida que nos aproximamos de 2025, chega o momento de elaborarmos o planejamento estratégico. No último ano, o cenário de TI no mundo todo foi impulsionado por novas demandas tecnológicas, especialmente com a Inteligência Artificial que está evoluindo rapidamente, causando uma crescente necessidade por eficiência e inovação nas operações
De acordo com o relatório Budget Planning Guide 2025 da Forrester, a maioria das organizações está comprometida em ampliar seus investimentos em inteligência artificial (IA), com 92% planejando aumentar seus orçamentos nesse setor.
No entanto, apenas aumentar os recursos não é suficiente; uma abordagem estratégica é essencial para que esses investimentos gerem retornos significativos. O foco para 2025 se concentrará em estratégias de longo prazo, visando o alinhamento das iniciativas tecnológicas com os objetivos de negócio e a criação de uma infraestrutura robusta e adaptável.
Tendências de tecnologia: planejamento estratégico de TI
Entre as principais tendências que moldarão o planejamento estratégico de TI em 2025, destacam-se os investimentos em IA, nuvem e governança de dados. Essas áreas estão na vanguarda das prioridades dos líderes de TI e desempenham um papel crucial na preparação das empresas para o futuro.
1. Inteligência artificial em expansão
A IA continuará a ser um elemento central no planejamento de TI, mas com um foco cada vez mais realista e alinhado às necessidades específicas das empresas.
A consultoria Forrester aponta, na pesquisa mencionada acima, que, para 2025, as organizações buscarão uma abordagem mais estruturada e orientada para resultados ao implementar soluções de IA. Isso inclui o desenvolvimento de estruturas de governança robustas e a criação de uma arquitetura segura e dimensionável para suportar o crescimento exponencial da IA.
A qualidade dos dados será um dos principais fatores determinantes para o sucesso dessas iniciativas. Dados de alta qualidade, acessíveis e bem governados, permitirão que as empresas utilizem Inteligência Artificial de forma mais eficaz, otimizando operações e proporcionando insights mais precisos.
Além disso, o desenvolvimento de habilidades dinâmicas dentro das equipes de TI será fundamental, garantindo que os profissionais estejam aptos a lidar com as novas demandas tecnológicas e a promover a inovação.
2. Modelos de linguagem de grande escala (LLMs) e PCs com IA
Os Large Language Models (LLMs) especializados serão cada vez mais utilizados em 2025, especialmente em casos de uso específicos de setores verticais.
Esses modelos, adaptados para resolver problemas particulares de indústrias específicas, oferecem resultados mais precisos, demandando menos infraestrutura e, consequentemente, reduzindo os custos operacionais.
Outro ponto importante é a chegada dos PCs de IA, capazes de rodar modelos de LLMs localmente, graças ao uso de hardware dedicado à IA, o que permite maior flexibilidade e agilidade no uso de IA em diferentes cenários empresariais, sem a necessidade de depender exclusivamente da infraestrutura na nuvem.
3. Expansão da nuvem para IA e infraestrutura de suporte
A computação em nuvem continuará ainda vai continuar a ser uma área de forte investimento, tanto para a infraestrutura de IA quanto para serviços de suporte. A nuvem oferece a escalabilidade necessária para o processamento de grandes volumes de dados e para a execução de modelos complexos de IA.
Além disso, o uso de portais de desenvolvedores de API facilitará o acesso a serviços na nuvem, permitindo que agentes de IA orquestrem ações de forma mais eficiente. Em longo prazo, as empresas se beneficiarão do desenvolvimento dessas soluções integradas, que permitirão maior automação e otimização das operações de TI.
4. Governança de dados e confiança na IA
Outro aspecto fundamental para o planejamento estratégico de 2025 será a governança de dados. À medida que as empresas aumentam o uso de IA em suas operações, a confiança em suas ferramentas de IA será um diferencial competitivo.
Para garantir essa confiança, será necessário implementar grades de proteção e políticas robustas para o acesso, uso e compartilhamento de dados. Isso será especialmente relevante à medida que as empresas lidam com grandes volumes de dados sensíveis e enfrentam regulações mais rígidas sobre o uso de dados em setores como saúde, finanças e varejo.
5. IA Generativa no desenvolvimento de software
Mesmo que a Inteligência Artificial Generativa (GenAI) já esteja sendo amplamente adotada, o seu verdadeiro potencial no desenvolvimento de software ainda está longe de ser plenamente explorado.
De acordo com uma pesquisa da McKinsey, 65% das empresas já utilizam GenAI em suas operações, mas apenas 13% o fazem de forma sistemática no desenvolvimento de software. Pela avaliação da consultoria, a IA generativa tem contribuído entre 10% e 20% nas atividades de codificação, o que aponta para um vasto campo de crescimento e maior integração nos processos de engenharia de software.
Para escalar o uso da GenAI, as empresas precisarão reestruturar suas operações e focar no desenvolvimento das habilidades necessárias para lidar com essa tecnologia emergente.
À medida que as ferramentas de GenAI amadurecem, espera-se que, nos próximos dois a três anos, as práticas e o uso dessa tecnologia se estabilizem. Durante esse período de adaptação e aprendizado, as organizações que conseguirem incorporar de maneira eficaz a IA Generativa em seus processos de desenvolvimento estarão melhor posicionadas para se destacar no mercado de TI.
Para maximizar os benefícios dessas tendências, as empresas precisarão garantir que seus planos estratégicos estejam alinhados com suas metas de longo prazo.
A identificação das áreas onde a IA pode gerar maior impacto, a preparação de equipes capacitadas para lidar com essas novas tecnologias e a criação de uma infraestrutura escalável e segura serão fundamentais para os próximos anos.
As lideranças de TI terão um papel crucial nesse processo, orientando as organizações em direção a um futuro digital mais eficiente, inovador e, acima de tudo, adaptável.
>>Leitura recomendada: Hiperprodutividade no desenvolvimento de software
Como estruturar um planejamento estratégico eficaz em um cenário de crescente volatilidade
Agora que já apresentamos os temas e tendências que precisam ser considerados no planejamento estratégico de 2025, precisamos falar sobre como lidar com a volatilidade no ambiente de negócios, com mudanças rápidas e inesperadas e a necessidade de construção de um plano.
Segundo a Harvard Business Review, o segredo para um planejamento estratégico robusto está em aceitar que ele nunca será estático e que precisa ser um exercício contínuo, não um documento rígido.
Isso significa que, embora seja impossível prever o futuro com exatidão, uma estratégia bem elaborada pode preparar a organização para se adaptar rapidamente e se manter competitiva.
A seguir, discutiremos como elaborar um planejamento estratégico eficaz, as melhores práticas para garantir a sua robustez e os principais erros a serem evitados.
Planejamento estratégico vs. Planejamento operacional
Antes de detalhar como estruturar o planejamento estratégico, é importante diferenciá-lo do planejamento operacional. Enquanto o planejamento estratégico foca em como posicionar a organização para gerar vantagem competitiva no longo prazo, o planejamento operacional trata de como executar as iniciativas estratégicas de maneira eficiente, por meio de ações internas.
Um erro comum no processo de planejamento é confundir essas duas esferas. O planejamento estratégico deve preceder o operacional, e não ser subjugado por ele. Se as organizações focarem exclusivamente na eficiência operacional sem um direcionamento estratégico claro, podem perder de vista o objetivo final: criar valor sustentável para os stakeholders e, consequentemente, assegurar uma vantagem competitiva.
>>Leitura recomendada: Como adotar a IA generativa nas empresas
Melhores práticas para elaborar um planejamento estratégico
1. Aceitar a incerteza e planejar para a flexibilidade
Uma das premissas mais importantes de um planejamento estratégico eficaz é reconhecer que a incerteza faz parte do processo. Esperar que o plano funcione exatamente como concebido pode levar à frustração e à ineficácia.
Conforme destacado por especialistas, o planejamento estratégico deve ser encarado como uma forma de preparar a organização para diferentes cenários, possibilitando ajustes rápidos conforme necessário.
Uma abordagem recomendada é utilizar cenários planejados. Isso significa criar alternativas para diferentes cenários possíveis — tanto otimistas quanto pessimistas — e preparar respostas adaptáveis para cada um. Assim, quando as circunstâncias mudarem, a organização já terá uma base sólida para ajustar seu plano de forma rápida e eficaz.
2. Desenvolver uma estratégia de longo prazo, revisando regularmente
A volatilidade do mercado muitas vezes leva organizações a adotarem abordagens reativas, focando em soluções imediatas para desafios emergentes. Embora isso possa ser necessário em alguns casos, é crucial manter uma visão de longo prazo.
A estratégia deve ser revisada regularmente, mas sempre com o objetivo de construir uma base sólida que alinhe os investimentos em TI com as metas de negócios a longo prazo.
A prática de realizar revisões periódicas, como encontros trimestrais ou anuais, permite que a organização avalie seu progresso em relação ao plano inicial, identifique desvios e ajuste o curso quando necessário. Além disso, esse processo ajuda a garantir que a estratégia continue relevante, mesmo com as mudanças no ambiente externo.
Como evitar erros no planejamento estratégico?
Expectativas irrealistas
Um dos maiores obstáculos para o sucesso do planejamento estratégico é a criação de expectativas irrealistas. Muitas vezes, os executivos e líderes de TI projetam cenários ideais que não levam em conta a volatilidade e a imprevisibilidade do mercado.
Conforme destaca a Harvard Business Review, a chave para superar essa armadilha é mudar a mentalidade em relação ao planejamento. Em vez de tentar prever exatamente o que acontecerá, as organizações devem aceitar que o plano estará sujeito a mudanças e, portanto, precisa ser flexível o suficiente para acomodar essas variações.
Confundir estratégia com táticas
Outro erro frequente é confundir estratégia com táticas. A estratégia envolve a criação de uma visão de longo prazo e a identificação dos caminhos que levarão a organização a atingir seus objetivos.
As táticas, por outro lado, são as ações específicas tomadas para implementar essa estratégia. Quando as empresas se concentram apenas nas táticas — por exemplo, ao se fixarem no orçamento anual —, podem perder de vista a direção estratégica, o que compromete o sucesso a longo prazo.
Subestimar a importância do feedback contínuo
O planejamento estratégico não deve ser um documento engessado, criado uma vez e ignorado até o próximo ciclo de planejamento. A falta de feedback contínuo é um erro comum que pode comprometer a adaptabilidade da organização. As melhores práticas indicam a necessidade de um processo constante de avaliação e ajustes, com base nas mudanças observadas no mercado e no ambiente interno.
>>Leitura recomendada: Reskilling e upskilling na TI na era da IA
A relevância contínua do planejamento estratégico
Apesar das críticas sobre a dificuldade de planejar em um ambiente de constantes mudanças, o planejamento estratégico continua sendo uma ferramenta indispensável para as organizações.
Ele não apenas define uma direção clara, mas também cria um senso de preparação e capacidade de resposta rápida. Sem um plano estratégico, as empresas ficam vulneráveis a decisões reativas, o que pode prejudicar sua competitividade no longo prazo, especialmente no cenário de evolução da IA que estamos passando.
Em resumo, o planejamento estratégico eficaz em um cenário de volatilidade requer uma combinação de flexibilidade, governança robusta, e revisões contínuas. As lideranças de TI que conseguirem equilibrar esses elementos estarão melhor preparadas para enfrentar os desafios de 2025 e além.