Encaminhamento de proposta de crédito no Open Banking com correspondente digital

Recentemente, o Conselho Monetário Nacional (CMN), editou uma norma que reconhece no Brasil a figura e atuação do correspondente digital. Assim como os correspondentes bancários tradicionais (como lotéricas, ou lojas físicas que dispõe de uma estrutura física para o atendimento de clientes que queiram fazer pagamentos, receber propostas de crédito, seguro ou depósito), o correspondente digital é uma empresa ou fintech que é contratada por bancos ou instituições financeiras para prestar serviços para clientes finais.  

Essa normativa foi considerada por João André Pereira, chefe do Departamento de Regulação do Banco Central, uma certa antecipação do regramento proposto pelo Open Banking.

O Open Banking, é uma iniciativa na qual os clientes poderão autorizar o compartilhamento de seus dados financeiros com as instituições participantes do ecossistema, com o objetivo de receber melhores ofertas, produtos e serviços. Ao mesmo tempo, isso se converte para as instituições em vantagens competitivas, ampliando a capacidade de obter insights valiosos por meio do big data 

Neste ano, o Banco Central definiu que agora essa iniciativa se chama Open Finance, substituindo o Open Banking. A mudança, que é apenas nominal, facilita o entendimento do público e reforça a ideia de sistema financeiro aberto, justamente porque o Open Finance inclui produtos bancários tradicionais e também serviços financeiros como câmbio, seguros e previdência.

Assim, há muita atenção voltada para o varejo e para as propostas de crédito, que possuem um alto potencial de expansão. Para se ter uma ideia, de acordo com informações do Centro de Estudos de Mercado de Capitais da Fipe (Cemec-Fipe), no Brasil, o crédito representa 64% do Produto Interno Bruto (PIB); enquanto em outros países como China, Japão e Estados Unidos o crédito representa, respectivamente, 165%, 176% e 191% do PIB.  

Em entrevista publicada no portal do Estadão, o economista Carlos Antonio Rocca, coordenador do Cemec-Fipe, apontou que estão sendo criadas condições para promover uma revolução no financiamento das empresas brasileiras, vide a implementação do Open Banking.  

Pensando nisso, assim como teremos a figura do Iniciador de Transação de Pagamento (ITP) na fase 3 do Open Banking, haverá, em breve,  junto com o correspondente digital uma nova forma de encaminhamento de proposta de crédito (EPOC), que tende a ser muito mais ágil e integrada nesse ecossistema.  

De acordo com estudo recente, realizado pela Serasa Experian, o Open Banking tem potencial para incluir 4,6 milhões de pessoas no mercado de crédito, o que pode levar a uma expansão do crédito de até 760 bilhões de reais em 10 anos (ou 9% do PIB).

Para saber sobre o fluxo de encaminhamento de proposta de crédito e sobre os correspondentes digitais no Open Banking, é só continuar acompanhando esse post:  

 

Correspondente digital 

De acordo com João André Pereira, chefe do Departamento de Regulação do Banco Central, o correspondente digital é “um agente que oferta serviços em nome da instituição financeira. Pode tratar da abertura de conta de um banco, por exemplo, ou do encaminhamento de ofertas de crédito para as pessoas, sempre em nome das instituições”.  

A norma editada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), aprimora a regulamentação sobre correspondentes no Brasil, para reduzir problemas de conduta, principalmente em relação ao encaminhamento de propostas de empréstimos consignados e também aprimorar regras sobre autorização e cancelamento de débito em conta. 

Além disso, a inclusão dos correspondentes digitais trouxe uma série de aprimoramentos, com destaque importante para 3 pontos:  

  1. Reconhecimento do correspondente digital, que já antecipa passos importantes da fase 3 do Open Banking, que está prevista para iniciar em 29 de outubro desse ano.  

  2. Desenvolvimento de uma política de contratação de correspondentes, que deverá prever critérios exigidos para a contratação, mecanismos de controle do correspondente e regras de remuneração pela prestação dos serviços.  

  3. Transparência e adequação ao modelo de dados abertos, adequando as informações a serem enviadas ao Banco Central pelas instituições que lidam com correspondentes. Além disso, o correspondente também deverá estar apto no exame de certificação que aborde aspectos técnicos da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) e do Código de Defesa do Consumidor.  

Assim, a ideia é reduzir problemas de conduta na atuação dos correspondentes, especialmente no encaminhamento de propostas de crédito, já que eles são obrigados a apresentar para o cliente todas as propostas enviadas pelas instituições financeiras.  

Como já comentamos acima, o reconhecimento do correspondente digital já antecipa alguns passos do Open Banking. De acordo com o Banco Central, “a inclusão dos correspondentes virtuais é evolução natural decorrente da digitalização da economia e está em linha com a previsão de implementação do serviço de encaminhamento de proposta de operação de crédito, na fase 3 do Open Banking”.  

>> Leitura recomendada: Open banking e LGPD: como proteger as informações dos seus clientes 

 

Fluxo de encaminhamento de proposta de crédito com correspondente digital

Em vídeo publicado no portal Open Banking Brasil, podemos acompanhar Diogo Silva, Chefe de Subunidade no Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central, explicando como funcionaria o fluxo de encaminhamento de proposta de crédito no Open Banking, por meio de um correspondente digital 

Primeiramente, ele observa que a Resolução 3954 do Banco Central, pressupõe um contrato de correspondente no país para prestação de serviços por meio eletrônico e que um desses serviços contratados pode ser o de recepção e encaminhamento de propostas de operações de crédito.  

Pensando nisso, o fluxo se daria da seguinte forma:  

– O correspondente, por representar inúmeras instituições, deve se apresentar para o cliente como tal, prezando pela transparência.  

– O cliente manifesta para o correspondente o desejo de contratar uma operação de crédito.  

– Por meio do Open Banking, o cliente consente que as instituições financeiras representadas pelo correspondente tenham acesso às informações necessárias para fazer a análise de risco/perfil de crédito, para que seja apresentada a ele uma proposta. 

– O consentimento de acesso às informações é dado para as instituições e não para o correspondente digital.  

– O cliente tem liberdade para selecionar as instituições representadas pelo correspondente com as quais deseja compartilhar seus dados. Portanto, se ele não quiser compartilhar seus dados com uma instituição representada pelo correspondente, ele tem essa opção.  

– O correspondente coleta com o cliente informações em relação ao valor, finalidade e prazo, para auxiliar na análise das melhores propostas. Com isso, o correspondente se conecta com as IFs com as quais ele possui essa correspondência de encaminhamento de proposta de crédito. 

– Provavelmente, para dar o consentimento o cliente deverá entrar na plataforma da instituição na qual ele deseja compartilhar seus dados para confirmar essa ação. Ao contrário do Open Banking, não há possibilidade de redirecionamento nessa operação, justamente porque o correspondente digital não tem acesso às informações do cliente, minimizando, inclusive, riscos de fraudes.  

– As IF’s que tiveram consentimento para acessar os dados do cliente e participam do Open Banking se conectam via API com a IF que o cliente autorizou (que ele já tem relacionamento) para buscar os dados cadastrais e transacionais.  

– Como apontado por Diogo no vídeo, é provável que essa autorização seja feita no esquema de “one time only”, porque estamos falando de um serviço muito específico.  

– As IFs vão avaliar se gostariam de fazer propostas de crédito para esse cliente, a partir dos dados analisados. Entendendo se tratar de um caso oportuno para criar uma relação negocial, as instituições vão formalizar essa operação, encaminhando as propostas para o correspondente digital.  

– O correspondente reúne as propostas oferecidas pelas instituições e as apresenta para o cliente. Pela regra, o correspondente deve apresentar todas as propostas que foram enviadas pelas instituições contratantes. Assim, o cliente escolhe qual proposta vai querer contratar  

– A ideia é que as propostas de crédito sejam padronizadas, para auxiliar o processo de avaliação por parte do cliente. Além disso, deverá haver a possibilidade de inclusão de uma data de validade para as propostas, indicando até quando a instituições estão dispostas a se comprometer com as condições daquela negociação.  

– O cliente assim, escolhe a melhor proposta para ele e segue o fluxo da contratação de operação de crédito.  

De acordo com o vídeo do Banco Central, que já mencionamos acima, a ideia é iniciar esse processo com operações mais simples e estruturadas, como as propostas de crédito, e continuar em evolução constante.  

Outro ponto interessante que foi mencionado e é em relação à padronização dos dados solicitados para realizar uma avaliação de perfil/risco de crédito. De acordo com Diogo, o Banco Central deve continuar respeitando os processos e exigências de cada instituição, porém deve haver diretrizes elaboradas para simplificar a gestão de consentimento do cliente, de forma que ele não tenha que dar um consentimento específico para cada IF com a qual ele deseja compartilhar os seus dados. Porém, no momento essa ideia ainda precisa ser desenvolvida.  

Recentemente, a resolução BCB Nº 206 permitiu que correspondentes digitais atuem como marketplaces de crédito, com o objetivo de facilitar a visualização das melhores propostas em uma mesma plataforma ou app online, o que deve tornar a oferta de crédito mais ágil para os clientes.

Nesse primeiro momento, o empréstimo pessoal será sem consignação e sem garantia, mas deverá ser ampliado ao longo do tempo para incorporar novos produtos, assim como a experiência do cliente também deve evoluir com a construção do Open Finance.

São princípios do compartilhamento de serviço de encaminhamento de proposta de operação de crédito no Open Banking:

I – proposta de crédito assertiva e personalizada;

II – transparência na solicitação e na contratação de operação de crédito;

III – comparabilidade entre propostas de crédito; e

IV – experiência do cliente ágil e conveniente.

>>Leitura recomendada: Pix via Open Finance

 

Benefícios do fluxo de encaminhamento de proposta de crédito via correspondente digital  

De acordo com o Banco Central, a ideia é facilitar o acesso aos dados do cliente por parte das instituições financeiras para simplificar o processo de elaboração das propostas de crédito, além de propor normas de padronização dessas propostas, o que deve facilitar a vida do cliente na hora de comparar e escolher a melhor proposta.  

Nesse sentido, o correspondente digital atua como uma ponte para facilitar a contratação dos serviços de crédito.  

Isso porque, o presidente da Associação Brasileira de Crédito Digital, Rafael Pereira, estima que a penetração do crédito nas famílias brasileiras é baixa, em torno de 40% da renda, enquanto em outros países chega a 100%. 

Com o Open Banking, alguns estudos estimam que haverá um crescimento de 30% no volume de empréstimos e financiamentos concedidos. Porém, esse aumento deverá ser gradual ao longo de dois ou três anos. Entretanto, é inegável que o mercado financeiro está iniciando uma grande revolução.  

De acordo com estudo da Serasa Experian já mencionado acima, a expectativa com o Open Banking é de elevação média de 49% na estimativa de pagamento mensal do consumidor brasileiro. Nesse quesito, as regiões Norte e Nordeste deverão ser as mais beneficiadas, com essa capacidade subindo 80,6% e 57,9%, respectivamente. Entre as mulheres, a alta será de 54,8% e entre aqueles com até 25 anos será de 95,9%, devido ao número de jovens que ingressam no mercado de trabalho sem carteira assinada.

>> Leitura recomendada: Open Banking Week 2021: confira os destaques e principais painéis do evento! 

Open Finance: como funciona esse ecossistema?  

Open Finance é um conceito que parte da ideia de que os clientes/consumidores são donos de seus dados financeiros e, portanto, podem tomar a decisão de autorizar o compartilhamento deles com outras instituições, com o objetivo de receberem em troca melhores produtos e serviços, como ofertas de crédito, por exemplo. 

Nesse sentido, o compartilhamento de dados gera benefícios tanto para as empresas, que poderão gerar insights mais precisos sobre o comportamento de seus consumidores, quanto para os clientes, que receberão melhor atendimento e terão mais opções de escolha. 

Esse ecossistema funciona por meio de APIs (Application Programming Interface), que atuam como “pontes” e permitem a comunicação e a troca de informações entre plataformas). 

Assim, fazem parte do Open Finance, o Open Banking, Open Insurance e o Open Investment:  

Open Banking 

Open Banking é uma iniciativa que permite que os titulares/clientes possam autorizar o compartilhamento de seus dados financeiros com as instituições participantes do Open Banking reguladas pelo Banco Central. 

Open Insurance 

Open Insurance é uma iniciativa que tem como objetivo tornar o mercado de seguros mais competitivo, fazendo com que os produtos oferecidos pelo setor sejam mais populares e acessíveis, melhorando também a jornada de compra do cliente. Ele faz parte de uma estratégia de inovação aberta, que reúne empresas do segmento e outras que estejam interessadas em criar novos produtos e serviços. 

Open Investment 

Open Investment parte da mesma premissa do compartilhamento de dados, mediante autorização dos clientes, para que seja possível criar ofertas personalizadas, oferecer melhores produtos e serviços e potencializar a inovação. 

A participação da área de investimentos já estava prevista na quarta fase do Open Banking e deve ter implementação similar à do Open Insurance, porque a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), já enviou a proposta de escopo inicial para o Banco Central. 

O tempo de inovar chegou. Conheça o OPUS Open Banking!

Como você pode acompanhar no vídeo acima, o OPUS Open Banking é uma solução completa para as instituições financeiras que desejam entrar no ecossistema do Open Banking Brasil, de forma 100% aderente as diretrizes do Banco Central e da LGPD. Para saber mais sobre a nossa solução, é só clicar aqui 

 

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