Como o Open Insurance vai revolucionar o mercado de seguros

Open Insurance é uma iniciativa que vai possibilitar que clientes autorizem o compartilhamento de seus dados entre sociedades seguradoras, insurtechs e outras entidades autorizadas pela Susep (Superintendência de Seguros Privados), por meio de APIs.

Essa novidade tem movimentado de forma considerável o mercado de seguros, justamente, porque deve aprofundar o conhecimento do setor sobre o perfil dos clientes, aumentando a competitividade, potencializando a atuação em mercados de nicho e fomentando parcerias entre os diversos participantes.

Em dezembro de 2021 começou no Brasil a implementação da Fase 1 do Open Insurance, que contempla o compartilhamento de dados públicos das empresas referentes a produtos disponíveis e canais de atendimentos. Ele deverá ser finalizada até junho deste ano.

Na mesma data, começou também a implementação da 4ª fase do Open Banking, que prevê o compartilhamento de dados de câmbio, serviço de credenciamento, investimento, seguros e previdência.

As datas coincidem porque o Open Banking e o Open Insurance estão sendo desenvolvidos em conjunto, justamente para garantir a interoperabilidade no futuro, já que ambos fazem parte do Open Finance, assim como o Open Investment.

O fato de o Brasil ser o primeiro país a implementar o Open Insurance, tem levantado uma série de discussões entre os grupos envolvidos em relação a segurança, papel dos corretores e da SPOC (Sociedade Processadora de Ordem do Cliente), prazos e compartilhamento de informações, que devem ser esclarecidos ao longo da implementação, que tem data prevista para finalizar em 2023.

Para entender melhor como vai funcionar o Open Insurance, benefícios, fases de implementação, segurança e como ingressar nesse ecossistema, é só continuar acompanhando esse post:

O que é Open Insurance?

De acordo com o portal OPIN Brasil o “Open Insurance ou sistema de seguros aberto, propicia o compartilhamento padronizado de dados e serviços por meio de APIs (Application Programming Interfaces), que são um conjunto de normas que possibilitam a comunicação entre plataformas através de uma série de padrões e protocolos”.

Assim, os clientes (pessoas físicas e jurídicas), poderão autorizar o compartilhamento de seus dados, para uma finalidade específica e com prazos determinados.

Essa iniciativa tem como objetivo tornar o mercado de seguros mais competitivo, fazendo com que os produtos oferecidos pelo setor sejam mais populares e acessíveis, melhorando também a jornada de compra do cliente. Ele faz parte de uma estratégia de inovação aberta, que reúne empresas do segmento e outras que estejam interessadas em criar novos produtos e serviços.

“É crucial garantir que o mercado de seguros tenha o espaço e o ambiente adequados para ajudar a transformar este conceito em realidade, empoderando os consumidores. Como regulador do setor, a SUSEP tem se mostrado empenhada em se envolver com o Open Finance de uma forma que gere benefícios indiscutíveis para o consumidor e, por consequência direta, para o mercado como um todo, ampliando ainda mais sua penetração, cobertura e transparência”, explica Eduardo Fraga, diretor da SUSEP.

A consultoria INNOPAY, especializada em transações digitais, indicou nessa análise quais são os aspectos fundamentais que devem fazer parte do Open Insurance:

Otimização: utilização das APIs para facilitar a conexão com outros sistemas.

Coleta de dados: coleta e análise de dados por meio de tecnologias e automações, com o objetivo de criar soluções e produtos personalizados.

Integração com outras empresas: permitir a criação de novos modelos de negócio, por meio das APIs, que são capazes de conectar os dados disponíveis no open insurance, de acordo com o princípio da reciprocidade.

Desenvolvimento de produtos e serviços: produção de soluções em um contexto B2B2C, explorando as informações disponíveis no ecossistema.

Fornecimento de produtos, serviços e dados: o Open Insurance vai permitir que empresas se especializem no fornecimento de soluções para outras empresas do mercado segurador.

Como funciona o Open Insurance?

O compartilhamento de dados no Open Insurance é feito por meio de APIs abertas. Elas funcionam como uma “ponte”, compostas por um conjunto de especificações de programação, que conseguem proporcionar a comunicação entre empresas diferentes, de forma padronizada e ordenada.

Portanto, uma API Open Insurance precisa ser:

  • Simples;
  • Segura;
  • Padronizada;
  • Escalável;
  • Moderna.

Na estrutura do Open Insurance os produtos, serviços, informações e funcionalidades de uma seguradora obedecem ao princípio da reciprocidade, que diz que só é possível ter acesso aos dados se você também os fornecer e o que possibilita isso é justamente o fato de as APIs serem abertas. Lembrando que o compartilhamento de dados só pode ser autorizado pelo cliente.

Além disso, a tecnologia das APIs abre portas para uma série de inovações, desenvolvimento de novos negócios, aplicativos e soluções, como por exemplo:

  • Agregação de serviços, relacionados ao Open Finance;
  • Facilitar a contratação e cotação de serviços de seguro ou de investimento;
  • Portabilidade;
  • Aviso de sinistro.

A SUSEP, no Manual de APIs do Open Insurance estipulou as diretrizes que devem ser seguidas. Isso porque, é necessário garantir que os desenvolvedores tenham acesso às regras de desenvolvimento, assim como aos padrões da gestão de consentimento, como foi feito no Open Banking.

>>Leitura recomendada: Como funciona a API Open Insurance?

Quem participa do Open Insurance Brasil?

De acordo com a Susep, participam do Open Insurance Brasil as seguradoras, entidades abertas de previdência complementar e sociedades de capitalização autorizadas pela Susep a funcionar. A participação é obrigatória para as sociedades de maior porte (segmentos S1 e S2) e opcional para todas as demais.

Futuramente, as sociedades iniciadoras de serviços de seguros poderão se credenciar no Open Insurance, oferecendo serviço de agregação de dados, painéis de informação e controle (dashboards) ou, como representantes do cliente, compartilhar serviços, por ele consentidos, sem deter em momento algum os recursos pagos pelo cliente, à exceção de eventual remuneração pelo serviço, ou por ele recebidos.

Além disso, a própria SUSEP, em webinar realizado pela entidade recentemente, destacou como as startups, pequenas e médias empresas podem se beneficiar do Open Insurance.

Confira aqui a lista completa dos participantes.

Cronograma de implementação do Open Insurance Brasil

A implementação do Open Insurance Brasil foi dividida em 3 fases, que devem ser concluídas até 2023.

Fase 1 – Open Data

Início: Dez/21

Fim: Jun/2022

Nessa fase, devem ser compartilhadas as informações de seus canais de atendimento e de seus produtos e serviços.

Fase 2 – Compartilhamento de dados

Início: Set/2022

Fim: Jun/2023

Nessa fase, o cliente vai poder compartilhar seus dados com as seguradoras de sua preferência. O compartilhamento é feito por meio da autorização do detentor dos dados e pode ser revogado a qualquer momento.

Fase 3 – Serviços

Início: Dez/2022

Fim: Jun/2023

Nessa fase, os clientes terão acesso a serviços, incluindo iniciação de procedimentos relacionados à contratação de seguro, de plano de previdência complementar aberta ou de título de capitalização, endosso, resgate ou portabilidade de plano de previdência ou de capitalização, pagamento de sorteio, aviso de sinistro, entre outros.

Qual a relação do SRO com o Open Insurance?

A Circular nº 599/2020, regulamentou o Sistema de Registro de Operações (SRO), que é uma ferramenta de registro obrigatória, na qual deverão ser registrados informações detalhadas sobre as operações de seguro, como: apólice, endosso, cobertura contratada – desde o seguro em si até sinistro, cosseguro e resseguro.

As apólices são cadastradas em centrais registradoras quando forem geradas, com atualização instantânea de informações sempre que houver um sinistro, acabando com a defasagem de dados do modelo anterior, no qual os dados poderiam levar até um mês para entrar no sistema. Outros benefícios do SRO são:

  • Integridade e centralização das operações registradas;
  • Transparência e padronização;
  • Tratamento de dados em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD);
  • Redução dos custos de observância dos participantes;
  • Sinergia com a infraestrutura existente para o mercado financeiro.

O Open Insurance e o SRO foram escolhidos para serem implementados no mesmo período, justamente porque a Susep determinou que o SRO serviria de base para o Open Insurance, funcionando como uma plataforma na nuvem onde se colocam todos os dados e informações das operações do setor, indo ao encontro das necessidades do Open Insurance; até mesmo porque as fases 2 e 3 do Open Insurance tem como prazo máximo junho de 2023, tempo compatível com o prazo máximo da implementação do SRO.

Dessa forma, o SRO é complementar ao Open Insurance, já que esses projetos devem permitir a análise de dados em tempo real, personalização de ofertas, assim como a geração de insights valiosos do mercado.

Quais são os pilares do Open Insurance?

O Open Insurance está fundamentado em 3 pilares: Open Innovation; experiências digitais e novos modelos de negócio.

Open Innovation

De acordo com Henry Chesbrough, professor da universidade americana Berkeley, Open Innovation ou inovação aberta é: “Um processo distribuído de inovação que envolve a gestão proposital do fluxo de conhecimento além das fronteiras da organização”.

Ou seja, partindo do princípio de que duas cabeças pensam melhor do que uma, compartilhar dados e informações entre organizações fomenta os processos de inovação, justamente porque permitem uma ampliação da visualização de um cenário, além de ser possível combinar a expertise de uma outsourcing de TI para a criação de um novo produto, por exemplo.

Experiências Digitais

A pandemia do novo coronavírus afetou diversos setores da sociedade e também intensificou a necessidade por produtos e experiências digitais, que, de alguma forma pudesse aproximar o público com os serviços necessários.

Portanto, os movimentos de transformação digital começam a se intensificar, deixando de ser um diferencial, para se tornar uma necessidade competitiva dentro das empresas. Assim, a combinação da melhora das experiências digitais do consumidor, com a tecnologia e análise de dados também está dentro dos objetivos do Open Insurance e consequentemente do Open Finance.

Novos Modelos de Negócios

Como já comentamos, o surgimento de novos modelos de negócio é, na realidade, uma consequência dessa iniciativa de Open Finance.

No caso específico do Open Insurance, tornar os produtos das seguradoras mais acessíveis, agilizar e otimizar processos também faz parte desse quadro de inovação.

>>Leitura recomendada: 4 tendências de novos modelos de negócio no Open Banking

Benefícios vs. Desafios

Os principais benefícios do Open Insurance são:

Cidadania financeira: a expectativa com o Open Finance é que novos produtos possam surgir no mercado, dentre eles, aplicativos que facilitem o controle financeiro ou mesmo que popularizem e aumentem a adesão de serviços bancários ou de seguradoras.

Inovação: uso de padrões avançados de tecnologia; soluções modernas via aplicativos; possibilidade de customização e uso de algoritmos; estímulo à concorrência.

Agilidade e precisão: por conta dos ecossistemas estarem integrados, é necessário que as operações se tornem mais ágeis, tanto para cumprir os SLAs determinados pelos órgãos reguladores, quanto para oferecer melhores serviços.

Melhoria da experiência do cliente: como já comentamos, um dos maiores benefícios da análise de dados – fornecidos com o consentimento do cliente, claro – é justamente a melhoria da experiência do consumidor, por meio de ofertas personalizadas.

Integração de serviços: pensando na gama variado de serviços que existem no mercado segurador, será possível contratar um tipo de seguro-viagem em uma empresa, a assistência média em outra e um seguro-bagagem em uma terceira. Ou seja, ao realizar uma viagem, por exemplo, você pode escolher os itens necessários de empresas variadas, de acordo com o que for mais interessante ou tiver melhor custo-benefício.

Integração com o Open Banking: possibilidade de consolidação da vida financeira pessoal, além de beneficiar pequenas e médias empresas.

Desafios 

Nesse momento em que estamos na Fase 1 do Open Insurance, os maiores desafios estão relacionados à segurança e uso de dados. Justamente, porque esses ecossistemas envolvem informações sensíveis é necessário garantir que eles sejam tratados da forma correta.

Thiago Barata, coordenador da SUSEP, comenta sobre a vantagem do compartilhamento de dados e como Lei Geral de Proteção de Dados faz parte desse processo. “A partir da Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD, a sociedade definiu que de fato o consumidor passou a ser o ‘dono dos seus dados’. Logo, o Open Insurance surge para operacionalizar essa nova realidade no setor, convergindo os interesses de todos os envolvidos no sistema. Com o novo ambiente, as empresas do setor terão um sistema seguro e eficiente para o compartilhamento de informações requisitadas pelo cliente, estando assim em compliance com a Lei e a nova regulamentação”.

Falando no uso de dados, entramos então em outro tema importante: a jornada de consentimento. De acordo com a LGPD, consentimento é a “manifestação livre, informada e inequívoca pela qual o titular concorda com o tratamento de seus dados pessoais para uma finalidade determinada”.

Assim, na gestão de consentimento, são observados alguns itens essenciais:

  • O que o usuário X consentiu?
  • O que o usuário X não quer mais consentir?
  • Quais consentimentos o usuário X revogou e como isso te afeta?

Dessa forma, ela garante que as etapas de autenticação entre as instituições receptoras e transmissoras sejam cumpridas, para que esses dados só possam ser fornecidos pelos titulares.

Outro desafio é a padronização no desenvolvimento das APIs, já que elas impactam diretamente na gestão do consentimento e na transação segura das informações. Portanto, é necessários que essas regras estejam bem definidas pelos órgãos reguladores.

Por isso, se você está se perguntando: O Open Insurance é seguro? É importante destacar que um dos benefícios da construção desse ecossistema é justamente reforçar a segurança por meio da criação de padrões e regras de privacidade, que fazem com que as trocas de informações sejam transparentes e seguras.

Além disso, o papel dos corretores nesse novo ecossistema tem disso amplamente discutido. Confira abaixo o painel que a OPUS apresentou no Open Insurance Week 2021, no qual Marcelo Feltrin, Head of Business Development da OPUS Software, conversou com Renato Pedroso, Diretor Presidente da Previsul Seguradora e Luiz Henrique, Sócio e Diretor comercial da Forters Seguros sobre as oportunidades e ameaças no Open Insurance para os corretores.

Em síntese, os painelistas comentaram que como os seguros são produtos complexos, é pouco provável que os corretores percam espaço nesse segmento, afinal há uma série de terminologias, restrições e amplitudes que envolvem cada serviço.

Entretanto, durante a conversa ficou claro que a necessidade de se adaptar a esse novo ecossistema é latente, justamente porque o movimento de Open Data é mundial. Portanto, os corretores que conseguirem assimilar essa movimentação de mercado e que continuem relevantes, gerando valor por meio de conhecimento técnico, serão peça importante do Open Insurance.

Conforme forem surgindo novas definições, será possível extrair os benefícios: entender com profundidade as necessidades do cliente, oferecer novas parcerias, fazer prospecções diferentes em um modelo consultivo de entrega. Com os consumidores cada vez mais tecnológicos, é preciso estar cada vez mais atento às necessidades e sentimentos.

OPUS Open Insurance

Ingressar no Open Insurance agora é um passo significativo para manter a sua relevância no mercado, inovando e aderindo às tendências do futuro. Para tornar tudo isso realidade, você vai precisar de uma solução de Open Insurance que seja aderente à regulação e diretrizes do mercado, cumprindo todos os protocolos de segurança e gestão de consentimento. Para isso, você pode contar com o OPUS Open Insurance, uma solução pronta para você fazer parte desse ecossistema.

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