4 tendências de novos modelos de negócio no Open Banking

O surgimento de novos modelos de negócio no Open Banking, sempre foi considerado um dos maiores benefícios desse ecossistema, justamente por conta do alto potencial de incentivo a inovação que ele possui.

No Open Banking, os clientes são donos de seus dados bancários/financeiros e, portanto, podem autorizar o compartilhamento dessas informações com outras instituições participantes, por meio de APIs padronizadas. Essa iniciativa tem sido adotada mundialmente por países como Reino Unido, Austrália, Estados Unidos e China.

Atualmente, o Brasil está finalizando as etapas obrigatórias de implementação do Open Banking, seguindo um modelo inspirado no do UK, porém, com características pioneiras em relação ao escopo de dados. Por aqui, o Banco Central já mudou a nomenclatura oficial para Open Finance, que além do Open Banking, inclui, no momento, o Open Insurance e o Open Investment.

Assim, é importante que as instituições participantes entendam que esse momento não é apenas um marco regulatório, mas sim uma oportunidade de inovação disruptiva e criação de novos modelos de negócio no Open Banking.

É claro que as oportunidades de inovação são muitas e não é possível prever com exatidão o futuro do Open Banking, porém, já podemos observar algumas possibilidades, ainda mais olhando para países que já implementaram essa iniciativa há mais tempo.

Pensando nisso, nesse post, vamos falar sobre algumas tendências de novos modelos de negócio no Open Banking que devem se popularizar ou surgir nos próximos anos. Confira!

 

Customer Centric

O customer centric ou “cliente no centro”, não é um novo modelo de negócio em si, mas uma forma orientar a tomada de decisão nas empresas, com foco nas necessidades do seu cliente.

Considerando a perspectiva do Open Banking, é interessante abordar esse tema, justamente porque a tendência é de que haverá para as empresas participantes reguladas pelo Banco Central, uma quantidade maior de dados de qualidade disponíveis sobre o comportamento dos clientes.

De acordo com o artigo da consultoria Deloitte, os bancos e instituições têm a oportunidade de encarar o Open Banking pelo olhar do cliente, a fim de identificar as necessidades não atendidas e pensar em como esse movimento poderá ser usado para supri-las, gerando mudanças positivas para bancos e consumidores.

Eles elegeram os seguintes princípios para Open Banking:

  • Movimento catalisador que obriga as instituições a serem centradas no cliente e não no produto;
  • O foco não está apenas no compliance regulatório;
  • Arquitetura nova e aberta alavancada pela capacidade de análise de dados;
  • Operações fora do sistema tradicional dos bancos;
  • Autonomia e capacidade para inovar nos modelos de negócio e nas cadeias de valor;
  • Alavancagem da marca, dos ativos e das capacidades atuais.

Isso significa que as instituições que conseguirem obter insights a partir desses dados, para melhorar a experiência do cliente e oferecer produtos e serviços personalizados; vão conseguir desenhar estratégias de sucesso.

De acordo com a professora Elizabeth Sheedy, especialista no meio financeiro da Universidade Macquarie, muitas instituições financeiras estão criando padrões e traçando melhor os perfis com a ajuda das técnicas de big data.

É importante ressaltar que os dados no Open Banking são compartilhados apenas sob consentimento do cliente e que as instituições devem respeitar as normas da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e da Lei do Sigilo Bancário.

>>Leitura recomendada: Open banking e LGPD: como proteger as informações dos seus clientes

 

Economia de APIs

No sistema do Open Banking não existe uma única plataforma que poderá ser utilizada por todas as instituições participantes, mas sim APIs abertas (Application Programming Interface) – desenvolvidas pelas próprias instituições ou por empresas terceirizadas – que vão permitir a troca de informações, para que outras empresas possam desenvolver aplicações conectadas aos sistemas financeiros.

A API Open Banking é uma ponte que permite a comunicação e a troca de dados entre plataformas. Essa “ponte” só funciona porque as APIs são compostas por instruções e padrões de programação que são capazes de absorver informações com linguagem diferentes.

De acordo com a consultoria Gartner, “a API economy pode ser um facilitador para empresas que querem transformar uma organização ou negócio em uma plataforma, que por sua vez, multiplica a criação de valor, já que permite que os ecossistemas de negócio dentro e fora da empresa cruzem dados entre usuários, facilitando a criação e troca de bens e serviços, para que todos os participantes sejam capazes de gerar valor”.

Em artigo, a Accenture apontou que existem duas formas de atuar nesse tipo de economia:

  • As empresas podem “expor os próprios serviços e dados por meio de APIs”, para que os parceiros possam consumir essas informações e construir novas ofertas.
  • As empresas podem “consumir APIs para acessar dados e serviços de terceiros”, o que permite que eles adicionem ao seu portfólio novas ofertas, com mais agilidade.

A pesquisa citada acima aponta que aqueles que não estão construindo modelos de negócios movidos a Open Banking correm o risco de ficar para trás, justamente por conta do potencial transformador dessa iniciativa.

Afinal, as APIs vão continuar surgindo com novas oportunidades de receita e vantagens competitivas em serviços financeiros, possibilidades de otimização de custos, melhoria na retenção de clientes e aceleração digital.

Por isso, as instituições financeiras vão precisar:

  • Organizar seus negócios de maneira diferente e desenvolver novos recursos;
  • Reavaliar modelos operacionais;
  • Investir em arquitetura de tecnologia aberta (em nuvem);
  • Repensar a gestão de dados e informações;
  • Encontrar novas formas de trabalhar com parceiros nesse ecossistema.

Além disso, de acordo com a pesquisa, conforme os bancos traçam estratégias no Open Banking, há dois modelos de negócio que tem se destacado nesse ecossistema: bancos como plataforma e como serviço.

No Open Banking Week 2021, a palestra Evolução Regulatória: Perspectivas do Reino Unido & Brasil, falou sobre a criação de Premium APIs, para que bancos tenham a oportunidade de monetizar os dados que não estiverem no escopo das APIs regulatórias, aproveitando dessa maneira, toda a infraestrutura já construída. Para saber mais sobre o assunto, é só assistir ao vídeo abaixo, a partir da minutagem 01:54:00:

Banco como plataforma

Nesse modelo, bancos e instituições financeiras agregam serviços tradicionais, digitais e produtos de parcerias com terceiros, para oferecer novidades para os clientes, utilizando seus próprios canais. Ele é interessante para aqueles que desejam oferecer novos serviços com agilidade para uma base de clientes já existente ou para acessar um novo mercado, por meio de parcerias com participantes do ecossistema do Open Banking, de forma que as IFs estejam presentes na vida de seus usuários em vários momentos.

Os que optarem pelo modelo de plataforma podem usar o Open Banking para aumentar a base de clientes, reduzir custos operacionais e melhorar a eficiência.

Banco as a service

Esse tipo de modelo permite que as APIs sejam utilizadas para distribuir os principais produtos e serviços financeiros por meio de canais de terceiros ou de parceiros. Ele é interessante para aqueles que desejam expandir rapidamente o alcance da distribuição e acessar novos mercados.

Bancos com capacidade de fabricação de produtos eficientes, processos operacionais fortes e recursos de back-end robustos são mais bem atendidos por esse modelo — que costuma ser bem popular nos segmentos de pagamento, produtos de crédito e transações.

É importante destacar que, independentemente dos modelos apresentamos acima, há um item em comum que deve evoluir nos próximos anos do Open Banking: as parcerias com outras empresas e fintechs, com o objetivo de inovar na oferta de serviços — especialmente para aqueles que não fazem parte do core das IFs.

Uma pesquisa realizada pelo banco digital britânico Zopa, revelou que a parceria realizada entre o banco e a ClearScore, uma empresa de tecnologia financeira, resultou em um aumento de 37% na quantidade de usuários elegíveis para solicitar propostas de crédito no Zopa. Em apenas uma semana, mais de 43 mil usuários da ClearScore conseguiram visualizar as propostas do Zopa, algo que não estava disponível anteriormente, em uma análise de crédito pré-Open Baking.

 

>>Leitura recomendada: Pix via Open Finance

Super Apps

De acordo com a pesquisa realizada pelo banco digital Zopa, citada acima, atualmente, a maioria dos usuários ingleses, utilizam o Open Banking para:

• 34% – Ver todas as contas bancárias em um único lugar;
• 28% – Acompanhar as economias e investimentos;
• 27% – Realizar transações entre contas bancárias e na poupança.

Ou seja, podemos ver com clareza o interesse que há por aplicativos agregadores, justamente por conta da facilidade de realizar várias operações em um único lugar. Esse fato chama atenção para a popularização dos super apps.

Esse tipo de aplicativo, como o nome sugere, reúne uma série de funcionalidades no mesmo lugar. Os super apps se tornaram muito populares no continente asiático, por conta do WeChat, um aplicativo de mensagens instantâneas, que começou a oferecer outros serviços a seus usuários, como compras e pagamentos online. Esse aplicativo se tornou um dos mais utilizados na China, então o governo o escolheu para hospedar o documento de identidade digital dos cidadãos.

Essa evolução mostra que é provável que os super apps se tornem cada vez mais populares em outros continentes, suprindo as necessidades dos usuários com mais rapidez. Afinal, nossos celulares já estão lotados de aplicativos, com as mais diversas funções.

No contexto do Open Banking, isso significa que deve se tornar possível reunir em um mesmo aplicativo, o controle de finanças pessoais; o acesso a dados bancários como conta corrente, cartão de crédito ou seguro; e até mesmo fazer a gestão financeira de empresas, ou seja, as possibilidades são inúmeras.

Pensando nisso, o HSBC Hong Kong desenvolveu o Payme, o super app baseado em Open Banking. Esse aplicativo possui uma forte estratégia de uso de big data para fornecer insights para o consumidor, empoderando a experiência digital omnichannel que é capaz de analisar em tempo real o comportamento do consumidor.

Ele foi criado porque o HSBC precisava competir com os outros players do mercado, reduzir o alto custo de operações, além de se adequar a uma série de regulamentações de Open Banking. Assim, eles desenvolveram um aplicativo móvel autônomo, que oferece pagamento por redes sociais com P2P.

Em maio de 2020, o Payme já contava com mais de 2 milhões de usuários ativos, cerca de 23% da população de Hong Kong.

No Brasil, Magazine Luiza, Rappi e Mercado Livre já são consideradas super apps.

 

>> Leitura recomendada: Qual é o momento certo para sua empresa inovar com um software personalizado? Descubra!

Tendências de novos modelos de negócios no Open Banking no UK

Por ter sido implementado em 2018, o Open Banking UK é utilizado como referência para entender processos e tendências do Open Banking no mundo. De acordo com a pesquisa mencionada anteriormente, realizada pelo banco Zopa, atualmente há cerca de 4 milhões de usuários ativos no Open Banking UK.

Segundo matéria do portal  Fintech Magazine, uma das coisas mais interessantes em relação ao Open Banking UK é o Request to Pay (RtP), que permite que usuários solicitem pagamentos de outras contas bancárias. Mesmo que já seja possível realizar pagamentos em tempo real, o RtP está revolucionando pagamentos regulares e invoices, algo que é muito útil para comerciantes e proprietários de negócios autônomos.

Nesse sistema, os pagadores recebem uma notificação com o valor devido, o que dá mais visibilidade e controle das finanças pessoais; enquanto isso, os beneficiários podem acompanhar o andamento de todas as contas e faturas em um único dispositivo, de forma simples e eficiente, o que reduz de forma considerável o tempo que era gasto na busca de faturas vencidas, já que o Open Banking permite uma visão de 360º dos pagamentos em uma única plataforma.

A tecnologia do Open Banking também deve substituir os pagamentos BACS, que é o método mais utilizado atualmente no UK, sendo responsável por cerca de 90% de todos os pagamentos mensais regulares, feitas em transação por débito direto, especialmente para folhas de pagamento.

Entretanto, o Open Banking simplificou esse processo, porque ele permite que os empregadores (ou fornecedores que utilizam folhas de pagamento) façam pagamentos diretamente para as contas bancárias dos funcionários, em vez de enviar arquivos complexos por meio de um banco para processamento BACS. O que deve permitir também que as empresas tenham uma visão mais ampla da contabilidade.

Outra ação que deve beneficiar comerciantes é a melhora nos pagamentos em tempo real, que deverão permitir transações instantâneas entre varejistas e consumidores. Isso também é interessante para os e-commerce, já que há um constante desejo de reduzir custos e atritos nas transações.

Dan Weaver, especialista em Open Banking Equifax UK, em entrevista ao Raconteur Publishing, disse que é muito provável que o investimento em inovações continue — especialmente em aplicativos de gerenciamento de hipotecas. Ele acredita que o acesso em tempo real a informações de contas bancárias e dados de pagamentos, poderá melhorar o processo de verificação de identidade, além de oferecer visualizações mais oportunas e precisas de casos complexos de acessibilidade em comparação com os métodos atuais, o que pode tornar os processos mais seguros, justos, rápidos e menos suscetíveis a fraudes, diz Weaver.

>>Leitura recomendada: Iniciador de Transação de Pagamento no Open Banking

Opus Open Banking

Todas essas inovações apresentadas nesse post só são possíveis para as instituições que ingressarem no Open Banking Brasil, pensando em explorar todo esse potencial. Por isso, para começar a sua jornada nesse ecossistema, você pode contar com o Opus Open Banking, uma solução completa e totalmente aderente as exigências do Banco Central e da LGPD.

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